15.2.14

desmentira

Conclusão: nunca me faltou amor.
Eu seria muito injusta com a vida se ignorasse seus aprendizados, seu sumo. Eu amei até demais. E recebi amor de variadas nuances. Estou farta de amar errado, de amar certo um alguém errado, de comer amores que não desejo; estou farta e - ainda - insatisfeita. Voraz. Mas é amor, ainda se é errado e torto. Nasce amor, acaba amor, e eu recolho meus pedaços do chão, a curva da minha lombar me grita, me cansa, já chega, quem é que ajuda a me recompor, a reunir estes cacos? E as feridas nas pontas dos dedos, que nunca dei tempo de cicatrizar? O que faço com elas? 
Doem-me mais os amores incompatíveis. Não sei onde guardar meus amores incompatíveis. Insistimos e insistimos. Esse, principalmente, o meu e seu, que só funciona quando cada um vive sua vida. Eu quis que sua vida cruzasse a minha, fechasse a minha, viesse assim, pela contramão, fizesse um fuzuê, parasse a cidade. Não deu. E agora, onde é que eu guardo isso? No silêncio? Na troca de olhares com novos namorados? No esquecimento dos anos?
Eu não entendia esse conceito, amor-da-vida. Eu subvertia: dizia a meus amigos que o amor da sua vida é sempre o atual. Será? Será que aquele rapaz dos seus vinte anos não foi sua última e única chance de completude? Será que não é da maturidade aceitar que nada maior do que aquilo virá? Aquela garota que faz das outras apenas garotas ecoa por trás dos novos retratos e viagens e intimidades, das novas parcerias? Tem passado escondido no seu presente?

Em conformidade com a vida, caminho só. Em conformidade com a vida, entrego. Desminto a mim mesma, rendida: já amei sim. E, em conformidade com a vida, vou amar mais.

Eu não sei a hora de parar.


[Até porque ela não existe]